Passava todo dia pela porta e observava o aviso que fica na porta “Crianças deficientes”. Pensava comigo “um dia entrarei nessa casa” e a data chegou em 22 de fevereiro de 2003. O impacto foi grande ao entrar aqui pela primeira vez e encontrar crianças com deficiência física. Fiquei chocada e chorei por uns dois dias. Depois pensei, “também sou voluntária do Lar de Frei Luiz, aprendo uma doutrina espírita e não posso me impressionar”. Estou aqui para ajudar os moradores e principalmente, a mim, porque quando a gente faz o bem, recebe o bem.

Depois fui me acostumando com a rotina e até sinto falta quando fico longe. A energia que os moradores passam por serem especiais faz bem. Venho de segunda a sexta, mas ao passar pela frente do Lar aos sábados e domingos, tem uma mão que me puxa para dentro. É tão forte que tenho que ver essas crianças de qualquer jeito, porque dá saudade. São crianças maravilhosas, felizes, bem tratadas. Nunca vi um lugar que trate tão bem os internos. Os funcionários cuidam com carinho e quem nos visita se surpreende com o profissionalismo. Os moradores são bem alimentados e satisfeitos com toda a atenção.

Não admito que as pessoas chorem com pena durante as visitas. Não devemos ter esse sentimento, porque eles são mais felizes do que nós. Passamos por tantas dificuldades e não aprendemos. Convido todos a conhecerem o Lar e verem como as crianças vivem aqui de forma digna. Temos que ter pena de nós mesmos e procurar se conscientizar que é preciso uma reforma no nosso interior, para melhorar não só o tratamento com deficientes, mas também com o mundo.

Temos que ajudar nossos irmãos, amando nosso próximo como Jesus ensinou. Dessa forma, o universo se tornará melhor. Não devemos menosprezar nosso próximo. Ninguém é menor que ninguém. Um precisa do outro, seja gari ou qualquer outra profissão. Não vivemos sem alguém para limpar nossas ruas, cuidar da nossa cidade. Todos nós temos utilidade e somos iguais no mundo. Analise sua vida e veja que Deus é perfeito em tudo que faz.

Vera Lúcia, voluntária há quatorze anos do Lar Maria de Lourdes