Sem repasses do governo, abrigo em Jacarepaguá corre risco de fechar

Por Luís Guilherme Julião

Os moradores do Lar Maria de Lourdes, que abriga portadores de deficiências físicas e mentais como hidrocefalia e autismo — a maioria abandonados pela família — correm o risco de não ter mais onde morar. Localizado na Taquara, em Jacarepaguá, o abrigo ainda não recebeu nenhum repasse de verbas do estado este ano e está com dificuldades para pagar contas de luz, água e gastos com a equipe de 35 funcionários que atende hoje 14 crianças e 23 adultos.

Maria Isabel Peixoto, 72 anos, fundadora do Lar, diz que só fechou as contas este mês porque pediu ajuda financeira a outros doadores:

— Estou chegando ao fundo do poço e não vejo perspectiva do governo estadual.

O único repasse em dia é o da prefeitura, no valor de R$ 40 mil mensais, segundo ela. O convênio com o estado prevê outros R$ 60 mil mensais da Fundação para a Infância e Adolescência (FIA) e da Secretaria estadual de Saúde, mas a última parcela foi paga em dezembro.

Destino incerto

Segundo Maria Isabel, o Lar recebe muitas doações de alimentos, medicamentos e roupas, mas a maior dificuldade, no momento, é de pagar as contas.

— Meus meninos são na maior parte abandonados pelos familiares de baixa renda ou que estão em situação de risco pessoal ou social. Tem jovens que estão conosco desde o início. Viramos uma família — conta.

Leonardo Barcelos, 23 anos e morador do Lar há 7, tem uma doença genética que começou a se manifestar ainda cedo. Aos 11 anos, ele parou de andar. Sonhando ser cantor e com músicas gravadas em estúdio, ele destaca a importância do abrigo:

— O aprendizado de vida que tive aqui não vou ter em lugar nenhum. Vi aqui pessoas com dificuldades maiores que as minhas, mas que conseguiam sorrir. Isso me motiva a viver melhor.

Em nota, a Secretaria de Assistência Social e Direito Humanos, responsável pela FIA, informou que o secretário Paulo Melo já fez o pedido dos repasses “em caráter de urgência” à Secretaria de Fazenda que, por sua vez, respondeu que está “concentrando esforços na geração de receitas extraordinárias” para cumprir os compromissos financeiros e que os pagamentos serão efetuados o mais rápido possível, de acordo com a disponibilidade de recursos em caixa.

Já a Secretaria de Estado de Saúde esclareceu que apoia a FIA, mas fez a descentralização dos recursos.

Fonte: Extra
https://extra.globo.com/noticias/rio/sem-repasses-do-governo-abrigo-em-jacarepagua-corre-risco-de-fechar-19364470.html

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